Mais um dia na faculdade de Astronomia. Como em um sonho, me desliguei da aula e me perdi em pensamentos. A voz da doutora foi ficando baixa, longe, e quando me dei conta estava em outra dimensão.
Eu me sentia uma estrela perdida. Quando nos vimos naquele espaço, ondas gravitacionais impeliram-nos para perto. Você chegou piadista, eu ri, e já éramos bff’s.
Descobrimos um universo em que nos víamos para falar trivialidades, discutir cinema, beber algumas taças de negroni e comer naquele restaurante que amávamos.
Anos-luz se passaram e nosso infinito particular foi invadido. Asteróides e meteoros minaram constelações de um jeito que até Yuri Gagarin duvidaria. Nem a Equação do Tempo foi capaz de determinar algo de tamanha magnitude: você se transformou em um lindo buraco negro, irradiando beleza e destruição ao mesmo tempo.
Era difícil resistir à intensidade da gravidade ao seu redor. Sentia uma atração — perigosa — e repulsa ao mesmo tempo. Então, num paradoxo à velocidade da luz, lá estava eu perto de você, sentindo minha fraca força ser engolida. Something always brings me back to you, tocava ao longe. Tocava?
Eu gritava a plenos pulmões quando acordei suando e ofegante. Olhei para os lados e a escuridão do quarto era similar ao céu sem estrelas. Estaria eu sonhando que tinha acordado? Coloquei os pés no chão, olhei para o computador ligado e, escrevendo tudo o que lembrava desse sonho, me dei conta de que tocava Gravity da Sara Bareilles.
Achei tudo uma coincidência louca e fui dormir rindo da minha imaginação, pensando na aula do dia seguinte e em te mandar mensagem pela manhã.
Mal eu sabia que não existem coincidências no Universo.
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